Apesar da trend mundial de odiar o filme campeão de indicações em festivais de cinema mundo à fora, enquanto esse post está sendo escrito, o polêmico filme do francês Jacques Audiard (cuja pronuncia "odiar é uma piada pronta!) havia acabado de ganhar o BAFTA, o Oscar do Reino Unido, de melhor filme em língua não inglesa - concorria em mais 10 categorias. Nessa premiação, nosso querido "Ainda Estou Aqui" foi indicado apenas na categoria em que "Emília" levou.
A contar com a quantidade de prêmios que o musical que conta a saga do lider de um cartel mexicano que decide abandonar o crime e passar por uma transição de gênero para recomeçar sua vida, continua a encantar os jurados das muitas competições em concorre. Por quê? A resposta é simples: "Emília Perez" é um filme visceral com um roteiro frenético e cheio de ação, suspense e catarses que culminam numa tragédia devastadora.
Musical frenético é cheio de ação, suspense e tragédias pessoais e coletivas
Não sou fã de musicais, mas sempre encaro o gênero quando necessário pelo bem da da fruição do que está em tela, mas a produção francesa me encantou pela força as letras, melodias, interpretações e encenações dos números musicais. O desempenho de Zoe Saldana (a Gamora de "Guardiães do Universo) é hipnotizante desde o primeiro momento em que aparece na telona. Me arrisco a dizer que a atriz americana-dominicana ofusca Karla Sofía Gascón.
Há que sempre se lembrar do contrato que fazemos na compra do ingresso pro cinema. Por mais verossímil que o filme possa parecer, há sempre decisões, edições, mudanças e acordos para que o roteiro escrito possa virar imagem na tela. As licenças poéticas, muitas vezes impostas ou propositais, são soluções possíveis na criação de um filme. Quem assiste biografias, por exemplo, no fundo sabe que o biografado era muito pior ou melhor do que foi mostrado e há (muitas) razões para que seja assim...
ESFORÇADA PERO NO MUCHO: A atriz espanhola encarregada de dar vida Manitas/Emília brilha mais como o traficante assassino do que na sua versão feminina. Curioso! Apesar de cantar e interpretar canções que estão acima de sua capacidade vocal, o resultado de Gascón ficam aquém de seus pares - e muito, mas muito longe da altiva e forte Eunice Paiva na pele de Fernanda Torres em "Ainda Estou Aqui"... A grande bola fora é realmente escalação de Selena Gomez para o papel de esposa-viúva de Manitas - e pivô da desgraça de Emília...
Gascón ainda ajudou a aumentar a polêmica por conta de tuítes antigos com mensagens contra mulçumanos. A primeira atriz transgênero a ser indicada para o Oscar foi de sensação do cinema à "pessoa que adoramos odiar" em poucos dias. "Desconvidada" para premiações desde então, não deu as caras no BAFTA inglês e é dúvida na plateia do Oscar. Corram e revisem seus tuítes dos últimos dez anos para certificar que o seu Eu de ontem não fez ou disse algo que seu Eu de hoje se arrependeria. Vai que...
Karla Sofía Gascón como o traficante Manitas: muito melhor que Emília
STALKING BR: A rivalidade sem nexo no Brasil entre "Ainda Estou Aqui" e o filme francês, não se sustenta sob o olhar de quem assistiu ambos os filmes: "Emília Perez" é um musical cheio de energia, drama, violência, paixão e tragédias (coletivas e pessoais); o filme brasileiro é o relato em primeira pessoa de alguém tateando no escuro por respostas cada vez mais difíceis, é a morte em vida que se arrasta por anos em busca de respostas.
"Emília" encontra seu fim porque trai a si mesma: muda de corpo, mas não esquece o que levou no coração na mente - cheia de memórias afetivas; a Eunice de Fernanda se nutre de resiliência, força e esperança. "Emília" é ficção, "Eunice" é a mais pura verdade inconveniente.
Em entrevista ao "Fanstástico", da TV Globo", o diretor Jacques Audiard reconheceu todas as críticas sobre o filme, mas se defendeu dizendo que decidiu gravar na França por motivos financeiros. Fazer cinema nos EUA é muito caro, ressaltou. A decisão do cineasta é bastante comum no audiovisual mundial - para baixar custos, filmes e séries são filmadas no Canadá, América Central, África, Ásia e Europa. "Emília Perez" parece tem amargado críticas pelo corte de gastos...
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