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Foto do escritorEugênio Rego

Cinema nos tempos do Corona

Tempestade perfeita (perfect storm, em inglês) é uma expressão usada para descrever uma sucessão de eventos danosos que desembocam numa catástrofe. Foi nisso que pensei quando sentei na poltrona G1 da sala 10, na Cinépolis Rio Poty, em Teresina.


Depois de oito meses sem ir ao cinema, confesso que esperava que a casa estivesse arrumada para receber visitas com muita saudade do ritual de comprar o ingresso, pipoca, refrigerante e todos os etecéteras que não tem o mesmo sabor na TV e no streaming. Não estava.


A primeira surpresa ruim foi descobrir que poderia ter comprado meia entrada nos totens disponíveis na entrada do cinema usando os benefícios que tenho - tive que pagar inteira pelo limitado aplicativo de ingressos. Na TV disseram que o ingresso teria que ser comprado EXCLUSIVAMENTE pela internet. Tudo bem, pensei. Afinal, tudo é experiência.


Fui direto para a bomboniere comprar pipoca, uma porção de nachos e uma água."Só temos pipoca e Coca Colar, senhor". Putz! Ainda pedi com medo uma bandeija para levar o "prato do dia" e fiquei até feliz quando a moça me pediu um momento para pegar o objeto.

O ingresso para a sessão das 18h, do dia 27 de novembro, era para a Sala Vip - a mais cara, mas que inclusive adoro. Qual não foi minha (outra) surpresa ao saber pela bilheteira que teria que assisitr numa sala comum. Tudo bem, pensei pela terceira vez.


Respirei fundo e me dirigi à sala 10. Localizei minha poltrona e de longe vi um par de pés calçados de rasteirinha no alto da cadeira do lado. Sentei e dei uma olhada demorada para a marmota esperando que a moça relaxada e mal educada percebesse que todo mundo tava vendo os solados gastos de suas pragatas. Não surtiu efeito. Tudo bem mais ou menos, pensei.


Meia hora, meio balde de pipoca e meio copo de Coca Cola depois, lá estava eu mais suado que pano de cuscuz. O ar condicionado da sala estava desligado! Poxa! O cinema tava fazendo economia porque havia muito pouca gente na plateia, né?


Tudo bem uma pinóia !, pensei. Marchei para a bilheteria e pedi pra não deixarem a gente cozinhando no vapor por mais tempo. De volta à sala, ainda precisei gritar duas vezes pelo ar condicionado até que ligassem...

Como depois da tempestade perfeita vem a bonança, assistir ao remake de "Convenção das Bruxas", um dos meus filmes preferidos da Sessão da Tarde, valeu a penação. Apesar da versão dublada - quase todos os filmes em cartaz estão nessa versão - a película diverte muito e apresenta uma nova versão do infantil adaptado do livro de Roald Dahl.


Não supera o clássico de 1990 com a inigualável Angelica Houston no papel da Rainha das Bruxas que reúne o covil para pôr em prática o plano de transformar todas as crianças do mundo em ratos.


Nessa nova convenção, há um epílogo que narra os primeiros contatos da avó vivida afetuosamente por Octavia Spencer (acima) com as feiticeiras mãs ainda na infância. É ela quem dá suporte para o fofo e talentoso Jazhir Kadeem encantar como o garoto Bruno em torno de quem gira o enredo. Confesso que não troco a Bruxa Mor de Huston pela versão de Anne Hathaway, mas esta defende bem o papel com muito auxílio dos efeitos visuais.


Numa escala de zero a 10, "Convenção das Bruxas" ganha um 8 no quesito diversão. Durante as duas horas de projeção esqueci a frustração da minha volta ao cinema depois de tanto tempo. Mas, pra minha surpresa, o encanto acabou junto com o filme: demorei quase uma hora para pagar o estacionamento porque só havia um totem disponível. Minha experiência de ir ao cinema em tempos de corona virus foi pior que a sopa de ervilhas que transformou as bruxas do filme em ratazanas...


Como sou brasileiro, é claro que vou voltar"!

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1 comentario


Idel de Sena
Idel de Sena
02 dic 2020

Eu poderia aguentar tudo, exceto o ar-condicionado desligado. kkkkk muito bom o texto.

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