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  • Foto do escritorEugênio Rego

Uma banana para a Arte Contemporânea

Para a maioria de meus dois ou três leitores talvez seja difícil entender o valor artístico de uma fruta presa com fita isolante na parede de um museu. Aliás, para muita gente é difícil entender o valor de um museu. Quem viu


Infelizmente a Arte - aquela com maiúscula mesmo, que não toca no Spotify, quase não aparece na televisão muito menos nas mídias sociais - não está na lista do que consumimos com lazer. Qual foi a última vez que foi ver a exposição de artista visual? Para complicar ainda mais, ainda tem gente que pendura banana na parede ou cria um bidê de ouro 18 que não serve apenas para embelezar o banheiro... Por quê?


Certa vez o coreógrafo Marcelo Evellin disse que não faz arte para o público digerir o jantar. O piauiense é artista aclamado dentro e fora do Brasil por sua dança desencaixada de padrões, politicamente engajada e visualmente instigadora. Como artista contemporâneo - vanguardista, eu diria - sua obra causa estranhamento e questionamentos sobre classificações e conceitos. E adivinhe?! É para isso que serve a tal Arte Contemporânea.

Público assiste incrédulo à depredação de obra leiloada do inglês Banksy.

Não se culpe porque a maior proximidade que teve com expressões artísticas foram as reproduções de telas de Pedro Américo nos livros de História no ensino fundamental. Exposições de arte costuram acontecer em museus que, pelo menos no Piauí, são bem poucos, impopulares e, infelizmente, ainda vistos como depósitos de coisas velhas. No entanto, eles ainda são o lugar onde a Arte está mais próxima de nós - e oferecem um bom início de relacionamento com ela. Você sabia que no acervo do Museu do Piauí consta uma obra de Cildo Meireles, um dos maiores artistas visuais do Brasil e do Mundo?


Curiosamente é também lá que encontramos pintores clássicos, cujas obras são dignas de livros didáticos de Português e Literatura, como meu conterrâneo Lucílio de Albuquerque. Aconselho a aproximação da Arte por ele e seus amigos, mas também dê uma olhada no trabalho de nomes como Banksy, inglês que tornou o grafite uma expressão cara e admirada ou então Nonato Oliveira e seus piauienses de olhos piedosos.


Sugiro essa mistura de estilos aos meus dois ou três leitores, numa apropriação não autorizada do bordão do jornalista Francisco Magalhães, para que tod@s se permitam ir da mera contemplação do que lhes parece "belo" à incompreensão e rejeição de algo criado propositalmente para fazer refletir sobre questões como a beleza da banalidade do cotidiano, por exemplo. O estranhamento da audiência é também um efeito da Arte Contemporânea - ela não é feita para digerir o jantar, lembra?


A banana presa com fita isolante que compunha a instalação "Comedian" (Comediante), do artista italiano Maurizio Cattelan, virou notícia no mundo pela excentricidade, mas ao ser comida por outro artista, David Datuna, numa autodeclarada performance, virou um escândalo - o Datuna devorou uma peça de arte avalidade em cerca de R$700 mil. O que você achou disso? Nada? Faz parte... Mas duvido que tenha ficado indiferente ao acontencimento - é isso que a Arte Contemporânea quer de você.








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