Na era do politicamente correto, todos nós aparentemente somos dietéticos, sanitizados, low carb, anticancerígenos e ambientalmente sustentáveis. O problema é quando somos desafiados a por em prática os discursos da moda.
Já falamos aqui sobre ser empático com a (des)humanidade alheia e refrear o instinto de esculachar o dissonante. Dessa vez o papo é bem outro: praticar aquilo que tanto pregamos - principalmente na internet.
Quem tem boca diz o que quer, pelo menos enquanto vivermos nesse arremedo de democracia. Difícil mesmo é coordenar discurso e prática. Como diz Morin, somos empresas de nós mesmos e, para atrair "anunciantes", vale quase tudo, até mesmo prometer rezar para que alguém morra.
Pode isso, Arnaldo? Claro que pode ! A boca e a fé são suas. Só não vale levar seu "público" a tomar a metade pelo todo. Quem tem um pingo de amor no coração, não costuma desejar que o outro se estrepe por não concordar com suas atitudes, ideologias e modo de vida. O ser humano é falho dos dois lados do balcão.
Sempre desconfie quem usa subterfúgios para disfarçar preconceitos dos mais variados e a vontade de poder. As pessoas são muito mais aquilo que fazem e muito, mas muito menos aquilo que dizem. Exemplo curioso disso é o caso da mulher que foi multada por fazer gato de energia e ameaçou os funcionários da empresa que a notificaram dizendo "Jesus vai pegar vocês!". Absurdo, trágico e cômico. Acho que esse Jesus aí é outro...
A piada do homem pobre que pediu ao amigo rico uma roupa para ir à missa também serve como parábola para a fé farisaica que muita gente sai por aí pregando. No meio da celebração na igreja lotada, o padre pede que todos ajoelhem. Com medo de estragar a calça emprestada, o homem olha pro amigo pedindo permissão para ajoelhar e ouve o outro responder alto para que fique bem claro: Pode ajoelhar! A roupa é minha, mas eu deixo...
Aquela amiga de todas a horas que lhe coloca no paredão porque você vai "entender" não é sua amiga. Pode ser qualquer coisa, menos amiga. Quem aparece em listas de esquemas ilegais de qualquer natureza não pode se apresentar nem falar como bastião da ética, moral muito menos da verdade. Quem lhe beija na boca, mas não lhe assume não merece seu sentimento. Somos aquilo que fazemos. O que dizemos não importa.
Depois de anos voltei a assistir ao Big Brother Brasil devido à enxurrada de tretas graves envolvendo assédio moral, homofobia, xenofobia, egocentrismo e, causa maior de todas, a falta de caráter abissal. Na minha humilde opinião, não há reputação que resista a mau-caratismo. E a falta dele é como rolha, afunda, mas sempre aparece.
Para usar um jargão do reality show, as máscaras caem. Como sou metido a sabido, gosto mais de dizer que qualquer um pode "enganar muita gente por muito tempo, mas não se pode enganar todo mundo o tempo todo." Não adianta tomar banho todo dia e carregar uma alma que atrai moscas e ratos.
Quando alguém se apresentar como líder de qualquer segmento, observe como ele trata seus subalternos. Muito religioso? Foque nas ações! Moralista? Mesma coisa...A gente conhece o homem e a mulher pela falta que fazem e não por suas presenças. Não tem dinheiro que pague o alívio de deixar de conviver com fariseus de toda natureza.
Nunca a interpretação de texto foi tão necessária como nesses tempos em que parecer ser é mais importante do que ser. No entanto, não é tão difícil assim entender o trecho de Mateus 7:21: "nem todo aquele me diz 'Senhor! Senhor' entrará no reino dos céus". Pense nisso.
Que o pai de Viih Falsiane Tubos não veja este texto, porque se ele já acha que errou na criação da jovem yourtuber, o que pensaria, ou diria, depois desta enxurrada de palavras que cabem num bom roteiro de Fellini, e põe abaixo as maldições da emparedade, e eliminada, e cancelada participante do reality!?
😀😀😀😀😀😀😀
Congratulations.