Estava curioso para saber o motivo do fracasso de bilheteria da continuação do filme que deu o Oscar de Melhor Ator a Joaquin Fenix. Meio desconfiado e com baixa expectativa rumei para o cinema e... Não é que me surpreendi!? Positivamente, claro.
"Delírio a Dois" é sim um filme que merece ser visto e consegue evocar o clima da produção anterior e até mesmo torná-la um pouco mais denso. A maior parte da trama se passar no famoso presídio psiquiátrico Arkam onde Arthur Fleck (Phoenix) cumpre pena pelos cinco assassinatos que cometeu sob a pele do seu alter ego Coringa.
No começo, Fleck se mostra mais manso devido à medicação e as terapias que são parte de sua rotina no asilo onde aguarda o julgamento de seus crimes. Sua advogada corre contra o tempo para construir uma defesa que convença o júri de que quem matou brutalmente as vítimas foi o psicopata assassino que atormenta a alma e a mente de Arthur - e não ele próprio.

Tudo muda quando Fleck esbarra com a doutora Harley Quinn (Lady Gaga). A paixão fulminante entre eles dificulta a defesa do vilão e leva o filme para outro rumo. "Coringa 2", então, transforma-se em um filme de tribunal com alguns muitos e curtos números musicais.
O diretor Todd Philips, em seu delírio solitário, escolheu a música e a dança para contar o que passa na cabeça de dois psicopatas assassinos apaixonados. O filme então se divide em dois: a narrativa tensa e interessante do julgamento de Arthur Fleck e o delírio do casal improvável contado nos clipes musicais - completamente dispensáveis. É bom deixar claro que o "Coringa 2" não é um musical, mas um filme thriller psicológico com números musicais.
Por sorte, são números curtos em que Gaga e Phoenix mostram entrosamento e química. É curioso perceber como o ator se esforça para não ser ofuscado pela grande cantora, musicista e performer. Joaquin não é um cantor nem dançarino, mas convence cantando grandes clássicos do jazz e da música romântica americana. A setlist vai desde The Carpenters à Janis Joplin.
Em suma, vale o ingresso se você chegar ao cinema com um pé atrás como eu. No final do filme entendi porque "Coringa 2" fracassou como continuação: a metáfora dos musicais para ilustrar as fantasias compartilhadas de Fleck e Quinn não funciona - é uma prova do delírio solitário do diretor Todd Phillips. NOTA: 4/5
Para um filme que envolve psiquiatra, debates em tribunais e traumas pessoais, esperava diálogos mais profundos, talvez o excesso de músicas tirou o foco.
Também fico incomodado quando tentam mudar personagens, sobre tudo vilões como o coringa.
Eugênio, te conheço pessoalmente, sei da sua atuação no teatro e na dança, não duvido da sua análise de forma alguma. E agradeço por me chamar a atenção para um thriller psicológico, minha nova área de interesse, porém desde Tróia, o filme, me senti traído pelos roteiristas americanos ao tentarem mudar personagens já conhecidos. Leio quadrinhos desde a infância, e confesso não ter assistido nenhum dos dois, "criei trauma" kkkkk. Porém, com a sua análise já penso em ver, muito provavelmente pelo último. Obrigado!